Resumo: Abordagens Teóricas no Estudo dos Movimentos Sociais na América Latina

O artigo "Abordagens teóricas no estudo dos movimentos sociais na América Latina" discute as abordagens teóricas utilizadas para estudar os movimentos sociais na América Latina. O autor analisa o cenário de associação civil na América Latina, destacando seus movimentos sociais e as interpretações teóricas que têm sido feitas sobre eles, tomando como ponto de partida algumas categorias utilizadas e as teorias que as sustentam.

O texto destaca a diversidade de perspectivas teóricas que ajudaram a compreender as lutas sociais, que variam desde movimentos indígenas e campesinos até movimentos urbanos e operários. A obra também aponta para a necessidade de uma abordagem plural, considerando a complexidade e a especificidade histórica e cultural dos movimentos sociais latino-americanos. Para melhor compreender como os movimentos sociais funcionam e quais suas causas, o autor dividiu os movimentos sociais em três grupos, a saber:

1. Movimentos Identitários: Focam na luta por direitos sociais, econômicos e políticos, principalmente de grupos excluídos, como mulheres, afrodescendentes, indígenas, jovens, idosos, pessoas com necessidades especiais e imigrantes. Esses movimentos buscam o reconhecimento de direitos culturais e identitários, com ênfase em territórios (nacionalidade, Estado, local) e pertencimentos coletivos (raça, língua, religião, etc.);

2. Movimentos por Melhores Condições de Vida e Trabalho: Envolvem lutas por melhores condições no meio urbano e rural, como acesso à terra, moradia, alimentação, saúde, educação, transporte, emprego, salário e lazer;

3. Movimentos Globais ou Globalizantes: Exemplificados pelo Fórum Social Mundial, esses movimentos atuam em redes sociopolíticas e culturais, conectando lutas locais, regionais e transnacionais. Eles são uma grande novidade do novo milênio, promovendo a articulação global de várias causas sociais.

Embora essa classificação ajude a entender as tendências predominantes, Touraine destaca que, na prática, os movimentos podem se sobrepor, assumindo mais de uma frente de ação simultaneamente. Vale lembrar também que a atuação dos movimentos extrapolou as fronteiras territoriais, conforme mencionado acima.

                                            

A participação histórica de partidos políticos junto aos movimentos sociais na América Latina tem se tornado um limitador da autonomia. Essa união não permite que todo o potencial dos movimentos sejam colocados em prática.

A categoria "rede" se destaca como um conceito fundamental para compreender as novas formas de organização e mobilização social, enquanto o conceito de território é ressignificado para incluir as dimensões sociais, culturais e políticas de um mesmo grupo, mesmo que em espaços, cidades ou países diferentes.

Nos anos 90, no Brasil, houve um aumento de grupos sociais organizados se articulando em redes e criando fóruns, tanto como uma exigência de sobrevivência quanto como uma tendência moderna. Esse movimento surgiu em resposta às mudanças no cenário social e ao surgimento de novos atores e métodos para entender as estruturas sociais. A Geografia, tradicionalmente focada nas redes urbanas, passou a estudar redes transnacionais que ultrapassam fronteiras nacionais.

O estudo busca trazer clareza sobre as transformações ocorridas nos movimentos sociais na América Latina e destaca a importância das redes sociais na organização e mobilização dos movimentos sociais, mas também chama a atenção para os desafios e contradições presentes nessa relação.

Os pontos negativos apontados no estudo e que eu concordo, ficam por conta da aplicabilidade de ideias que deram certo em outros grupos ou territórios sem considerar o contexto do grupo em que pretende-se aplicar. Também temos a questão da perda de autonomia quando ocorre a aliança entre movimento social e partido político. Neste ponto penso que um movimento pode ser utilizado para garantir interesses partidários, esquecendo-se o principal, a luta pelos diretos daquela gente.

Por fim, a questão da institucionalização, que pode ser boa, no entanto, deve-se manter alinhada aos objetivos que deram origem ao movimento. A ideia de "ser moderno" não é adotar fórmulas prontas, mas compreender o presente à luz das experiências históricas sem perder a essência e poder de ação.



Referência Bibliográfica:

GOHN, Maria da Glória. Abordagens Teóricas no Estudo dos Movimentos Sociais na América Latina. Caderno CRH, Salvador, v. 21, n. 54, p. 439-455, Set./Dez. 200.


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